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No dia 20 de junho, foi realizado por nossa entidade o segundo seminário de pesquisa deste ano. Esta série de seminários, desde o seu recomeço, em 2008, tem sido ministrada exclusivamente em língua japonesa. Desta vez, porém, a palestra foi realizada em língua portuguesa, como a indicar os novos rumos que vem trilhando a entidade.
A palestra foi realizada pelo jornalista Sr. Jorge Okubaro, do jornal O Estado de S. Paulo, sobre o tema: «A colônia nipo-brasileira vista através dos olhos de um jornalista nissei». Através desta palestra, o Sr. Okubaro lançou luz sobre vários aspectos aos quais os estudos sobre a imigração japonesa no Brasil, conduzidos principalmente por isseis, não têm prestado especial atenção.
O palestrante discorreu sobre suas impressões pessoais acerca da comunidade nikkei, tal como a conheceu em sua infância. Segundo ele, a colônia era ‘una’, ‘homogênea’. No entanto, sua escolha de seguir carreira como jornalista precipitou um rompimento quase definitivo com a “colônia”.
Nos últimos anos, porém, o nissei voltou a se aproximar da comunidade nikkei através de contatos com algumas entidades mais representativas da colônia japonesa no Brasil, incluindo nosso Centro. Esses contatos, além das suas pesquisas, fizeram com que ele repensasse o que a “colônia japonesa” significa para ele.
Ele indaga: “Em todos os grupos sociais há divergências, por que não haveria também entre os japoneses e seus descendentes no Brasil?”. A terrível divisão que surgiu logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, entre vitoristas e derrotistas, oferece uma resposta clara a esta pergunta, argumenta o palestrante. Observa-se, também entre os imigrantes e seus descendentes, a existência de um pensamento de esquerda. E que impactos as uniões interétnicas tiveram para as famílias nikkei? Cenhecem-se ainda casos de nikkeis favelados ou errantes no mundo rural. Os imigrantes idealizam uma colônia ‘homogênea’ e parecem calar-se diante destas outras facetas da realidade.
Fenômenos recentes têm permitido uma reavaliação, por parte dos brasileiros em geral, da presença dos japoneses e seus descendentes no Brasil. A culinária japonesa se tornou muito popular. Os mangá têm tido aceitamento favorável por parte da população brasileira. O terrível desastre natural que se abateu sobre o Japão despertou entre os brasileiros tanto solidariedade para com o povo japonês como admiração por sua capacidade de restabelecer a normalidade de suas vidas.
Nos últimos cento e poucos anos, os japoneses e seus descendentes vêm consolidando sua presença no Brasil. Porém, sobre a sua assimilação e integração à sociedade brasileira, ressaltou o jornalista, ainda há muito que se pesquisar.